segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Brizola sempre teve razão!

A carta abaixo, assinada pelo Vereador Leonel Brizola Neto, endereçada à jornalista Hildegard Angel, do Jornal do Brasil, agradece as palavras de Hilde, sobre as assertivas de Leonel Brizola,
quanto à necessidade de haver um efetivo controle das fronteiras brasileiras, pelas nossas forças armadas, e pela Polícia Federal, para coibir a entrada de armamentos e de drogas nos limites territoriais, seja do Brasil, seja do Estado do Rio de Janeiro. À época, as palavras de Brizola foram contestadas pela mídia, e pelo atual (des)governador Sérgio Cabral, o responsável pelo genocídio dos jovens negros e pobres, e pelo assassinato de pessoas de todas as idades, moradores das favelas e comunidades mais pobres do estado, através da pena de morte, “quase” oficial no seu (desgoverno).Certamente, se os 506 CIEPs construídos por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, estivessem com seu pleno funcionamento preservado, segundo o modelo ideal de escola integral e integrada, pois as dependências escolares eram usadas durante todo o dia, e a noite abrigavam cursos de alfabetização, e de educação de adultos, além das quadras esportivas, gabinetes médicos e odontológicos, serem partilhadas pela comunidade do entorno, certamente, reafirmo, nossos jovens teriam direito ao estabelecido na Constituição Brasileira. O modelo de escola, idealizado pelo Prof. Anísio Teixeira, e amplamente desenvolvido no Rio de Janeiro, sofreu as maiores críticas de partidos de esquerda, que agora apóiam a política de extermínio, e não de educação, deste (des)governante. Quantas escolas foram construídas após os CIEPs? Em respeito e solidariedade a Leonel Brizola, apoiamos a carta do Vereador da Cidade do Rio de Janeiro, e a publicamos em nosso blog, para que mais pessoas possam conhecê-la. Saudações quilombolas e brizolistas,
Edialeda Salgado do Nascimento


Cara Hilde,
Fiquei comovido com sua nota de ontem, lembrando a perseguição que meu avô, Leonel Brizola, sofreu por suas posições avançadas para a época, especialmente nas área de Segurança e Educação.Quando foi governador, Brizola alertou, juntamente com seu vice, Nilo Batista, que o Rio não produzia drogas (naquela época), muito menos armamentos, e que a Polícia Federal tinha obrigação de vigiar as fronteiras, pois a ineficiência na esfera federal trazia um grande problema de segurança pública para o Rio de Janeiro.A falta de ética profissional de certos setores da imprensa, mencionada corretamente por você, ainda persiste, pois é um absurdo que não haja um mea culpa, uma autocrítica, uma referência sequer a este fato, tão comentado na ocasião, e que agora é constatado pelo Secretário Beltrame, que não pode ser “acusado” de ser Brizolista.A falta de ética persiste também quando os mesmos órgãos de imprensa que se dizem democráticos gastam páginas e páginas exaltando a Educação Integral de outros países, sem citar uma única vez o projeto original e avançado dos CIEPs, idealizados pelo grande professor Darcy Ribeiro e por meu avô, com a colaboração arquitetônica genial de Oscar Niemeyer. A missão dos CIEPs era resgatar os excluídos, em especial, as crianças e jovens, tornando-os cidadãos plenos, com saúde, cultura e auto-estima. Brizola compreendeu que era a escola que tinha que ir para a periferia, e não o contrário. Esperançoso com a mudança que surgiria a partir daí, meu avô dizia: “cada CIEP que se abre é uma cadeia que se fecha”. E Darcy, visionário, afirmava: “precisamos fazer isso agora, senão, daqui há 20 anos vamos ter medo de criança !”.
Por isso, Hilde, agradeço a sua citação oportuna, para não deixar cair no esquecimento o fato de que se não fosse a campanha preconceituosa e contínua contra qualquer política ou manifestação pública feitas por meu avô Leonel Brizola, poderíamos ter evitado que a situação chegasse ao ponto que chegou. Enquanto faziam de Brizola o “bode expiatório” de todos os males, os “senhores das armas e das guerras” prosperavam à vontade com o crescente tráfico de armas através de nossas fronteiras. Mas a memória é uma arma pacífica, e a única eficaz contra a repetição dos erros e injustiças. Não podemos esquecer os tantos que lutaram verdadeiramente pela democracia neste país, entre os quais se incluem Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, sua mãe Zuzu Angel e seu irmão Stuart Edgar Angel Jones.
Cordialmente,Leonel Brizola Neto
Vereador PDT-RJ

sábado, 24 de outubro de 2009

FEBRABAN E DISCRIMINAÇÃO RACIAL

FEBRABAN CONFESSA DISCRIMINAÇÃO DE NEGROS NOS BANCOS
Por: Redação - Fonte: Afropress - 17/10/2009
S. Paulo - Acusados pelo Ministério Público Federal do Trabalho da prática de racismo, os principais bancos brasileiros, por intermédio da poderosa Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), admitem no Censo realizado como parte do Mapa da Diversidade que, embora a escolaridade entre negros e brancos sejam equivalentes nos níveis superior e pós - 83% e 83,6% , respectivamente -, funcionários negros recebem apenas 64,2% dos brancos e os pardos 67,6%. A informação equivale a uma confissão da prática de discriminação contra negros na política de recrutamento de pessoal.
O Mapa tem sido utilizado como instrumento de marketing e já foi apresentado em duas audiências públicas, na Câmara e no Senado, para uma platéia seleta de negros, entre os quais, o Frei David Raimundo dos Santos, da Rede Educafro, e Maria Aparecida Bento, do Centro de Estudos das Relações do Trablaho e Desigualdades (CEERT), a consultoria contratada pela Febraban para fazer o estudo.
Ação e impunidade
Nos Estados Unidos, esta semana, o procurador Andrew Cuomo, de Nova York, abriu processo em que cobra US$ 4 milhões de seis empresas de construção acusadas de usar critérios de cor, raça ou país de origem para definir o valor dos pagamentos de seus funcionários. Pela tabela usada pelo dono das empresas, Michael Mahoney, funcionários brancos de origem irlandesa recebiam em média US$ 25 por hora, os negros ganhavam US$ 18, e brasileiros e latinos em geral, US$ 15 pelas mesmas funções.
Afropress pede, desde julho, uma entrevista com o presidente da Febraban, o banqueiro Fábio Barbosa (foto), do Santander. Sua assessoria passou três meses para responder a um e-mail com pedido de entrevistas e, no último contato, mandou os dados com a apresentação do Mapa da Diversidade. Nem a Febraban nem o CEERT informam o valor do contrato para elaboração do Mapa da Diversidade.
Confissão Os dados do Censo envolvendo 204 mil funcionários em todo o país em instituições como Itaú/Unibanco, Santander Brasil, Banco do Brasil, BIC, Bradesco, Caixa Econômica Federal e HSBC, revelam que um homem negro recebe R$ 2.870,00, enquanto um funcionário branco recebe R$ 3.411,00 para a mesma função.
Um dado que reforça a confissão é que a presença de negros na População Economicamente Ativa (PEA) é de 17%, enquanto nos bancos é de apenas 11%. Em S. Paulo, o maior centro financeiro do país, a presença negra é de 12% na população economicamente ativa, enquanto nos bancos é de 7%.
No caso das mulheres negras a política discriminatória é ainda mais escancarada: enquanto na população economicamente ativa as mulheres representam 18%, no setor bancário é de apenas 8%. Em S. Paulo, a presença de mulheres nos bancos é de 6% contra 11% na população economicamente ativa. Na distribuição de cargos, o estudo do Mapa da Febraban expõe a discriminação sem retoques: a presença negra em cargos da Diretoria e Superintendência é de apenas 4,8%, contra 91,6% dos brancos; na gerência, 14,9% dos cargos são ocupados por negros, contra 81,7% de cargos de brancos; na Supervisão, chefia e Coordenação, apenas 17% são negros contra 79,8% de brancos. Entre os trabalhadores funcionais, 20,6% são negros contra 75,7% de brancos.
Maquiagem Apesar da política de discriminação escancarada - não contestada pelas lideranças que tem participado de tais audiências da Febraban - os bancos não informam que providências pretendem adotar nem quando porão fim a política de discriminação.
No Mapa, por recomendação do CEERT, são propostas medidas de alcance retórico, como mobilizar, sensibilizar e engajar;definir indicadores para gestão; ampliar alcance do recrutamento e seleção;acelerar contratação;envolver outros públicos. Cada uma das ações se desdobra em medidas que vão de encontro de executivos do setor, a busca de parcerias, passando pela divulgação de vagas e treinamento de equipes e parceiros.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Saudação aos Congressistas da Secretaria Regional do Movimento Negro PDT RJ

Washington, 25 de setembro de 2009

Sr. Presidente Luiz Eduardo,
Companheiras e Companheiros,

Tenho o prazer de saudar aos Congressistas, e parabenizar a Secretaria Regional do Movimento Negro do PDT do Rio de Janeiro, pela realização deste 20 congresso.
Há exatamente 30 anos, na Carta de Lisboa, pela primeira vez, um partido político reconheceu e valorizou a importância do Povo Negro na construção da Cultura e da riqueza econômica do Brasil.
Também em 1970, Leonel Brizola voltou de 15 anos de exílio, e trouxe consigo um mar de esperança no restabelecimento da democracia, após um longo inverno ditatorial. A presença de Brizola com o PDT, na vida política nacional, restabeleceu os princípios trabalhistas de Getulio Vargas, João Goulart, o nosso Jango, e Alberto Pasqualini. Valeu Brizola!!!
Também valeu a presença entre nós de Abdias Nascimento, cuja persistência na luta contra o racismo, o preconceito e a discriminação racial, ajudou ao PDT, como um todo, a conhecer e a respeitar os afro-descendentes. Axé Abdias!!!
Gostaria de fazer público o agradecimento ao nosso Presidente Nacional, licenciado, Ministro Carlos Lupi, pelo apoio e pela parceria com a Secretaria Nacional do Movimento Negro, através de ações concretas, dentre elas o Plano Setorial de Qualificação - PLANSEQ - para profissionais afro-descendentes, que, já em fase de licitação pública, irá qualificar e facilitar a empregabilidade de cerca de 25 mil pessoas, em 2009.
Também queremos saudar ao companheiro Secretário-Geral, Dr. Manoel Dias, no seu denodo em estar junto às direções regionais de todo o país, organizando e motivando militantes e dirigentes.
Agradecemos aos companheiros Marcelo Panella e Prof. Loureiro, outros parceiros, respeitosos com a nossa gente.
Na direção regional do Rio de Janeiro, agradecemos especialmente aos companheiros, Jose Bonifácio, Presidente em exercício e Carlos Correia, Secretário-Geral. E mais reconhecimento à parceria de nossa Elma Cerqueira Fuentes, e do querido companheiro Jornalista Osvaldo Maneschy, Presidente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.
Tivemos, e temos grandes lideranças na Secretaria do Movimento Negro do PDT, mas é justo destacar alguns dos já falecidos:
Deputado José Miguel, autor dos projetos de lei da criação do monumento a Zumbi de Palmares, o primeiro erguido em todo o Brasil, e da criação da Quinzena de Cultura Negra.
Airton de Oliveira, grande e inesquecível companheiro de todas as horas, brizolista fervoroso.
Hemetério dos Santos e Olímpio dos Santos, dois comunistas, que se dedicaram conosco a defesa do trabalhismo.
Wanderley de Souza, que desde o Aeroporto do Galeão, onde recebemos Leonel Brizola (junto ao getulista, janguista, brizolista, trabalhista, Jose Colagrossi Filho), trabalhou arduamente pela criação do PTB, depois PDT, e perguntava, já em 1979: Onde está o Negro na política? Onde está o Negro Embaixador, General de Exercito, Almirante, Brigadeiro? Onde está o Negro nos Tribunais Superiores? Wanderley, meu amigo de infância, lá do Cachambi, transformou minha mente de sindicalista, em ativista do Movimento Negro, ao caminharmos juntos por várias sendas na criação do nosso partido, e nas eleições para o governo do Estado do Rio de Janeiro.
Engenheiro Manoel Cabral de Queiroz, baiano de Feira de Santana e de Duque de Caxias, onde foi Secretário de Planejamento.
Seu Arlindo Torres, incansável em todas as campanhas do PDT, desde 1986.
Companheiras e Companheiros, os movimentos do PDT: Negro, Juventude, Mulheres, Aposentados, Sindical, somente terão justificadas suas existências, se integrados aos movimentos sociais não partidários. Quando vocês ali estiverem, não tenham medo ou vergonha de declarar sua filiação partidária, ao contrário, tenham orgulho de proclamar que estão nas fileiras de um partido que ousa dizer NÃO ao capitalismo, e ao “entreguismo” de nossas riquezas; de Vargas a Carlos Lupi, passando por Jango e Brizola, a defesa dos interesses dos trabalhadores e da soberania nacional são as nossas bandeiras.
A Secretaria Nacional do Movimento Negro do PDT não aplaude o açodamento na aprovação recente, pela Câmara dos Deputados, de dois projetos:
- Estatuto da Igualdade Racial, que, em verdade, não beneficia os afro-descendentes em sua totalidade, vide o capitulo referente aos Quilombolas, e deixa, por esse motivo, muito a desejar.
- Reforma Eleitoral, que além de outros, apresenta três pontos mais do que discutíveis:
* A não obrigatoriedade do voto impresso, para as eleições de 2010, mesmo que fosse apenas de um pequeno percentual, em forma de amostragem. Sabemos que este foi um dos pontos de luta de Leonel Brizola com o STE, porque, por duas vezes, foi lesado, ou quase, com este sistema de urnas eletrônicas sem comprovantes de votos. Na primeira vez, na eleição de 1982, para governador do Estado do Rio de Janeiro, através do chamado Esquema Proconsult, montado especialmente para impedir sua vitória, esquema o qual Brizola denunciou à imprensa internacional, e abortou o processo. Na segunda vez, na primeira eleição presidencial, de 1989, a parada por um dia, da contagem de votos no Estado de Minas Gerais, certamente fraudou o acesso de Brizola ao segundo turno da eleição E vimos no que deu, a fácil vitória do falso caçador de marajás, Fernando Collor de Mello. E temos sérias dúvidas, se, em outras eleições, Brizola e os candidatos do PDT também não foram prejudicados.
* A não inclusão do financiamento publico das campanhas eleitorais, o que vai facilitar mais uma vez, a eleição de candidatos/candidatas, muitas vezes imorais ou amorais, detentores de amplos recursos financeiros, em detrimento de melhores candidatos e candidatas, sem tantos recursos.
* E terceiro ponto, mas não menos importante, é a não citação de qualquer obrigatoriedade quanto ao uso de recursos dos fundos partidários em beneficio dos movimentos negros de todos os partidos, e nenhuma citação ao apoio de candidaturas de negros e negras.
Em 2010, teremos a segunda eleição presidencial sem Leonel Brizola, e teremos de fazer um grande esforço para eleger negros e negras às varias casas legislativas, e mesmo aos governos de alguns estados.
A Secretaria Nacional do Movimento Negro do PDT apóia o lançamento de candidaturas próprias do PDT, a começar por uma candidatura à Presidência da República. Será o momento oportuno para fazermos visíveis, a todo o país, durante o horário eleitoral, nosso compromisso com a ética em relação à coisa pública, os ideais, as propostas de governo, e as realizações do PDT quando está no poder. Seria pedir muito ao partido, deixar de fazer ouvir sua voz, neste momento de crise nacional e mundial.
Companheiras e Companheiros, sabemos que as Mães de Santos, as Yalorixás, nos seus numerosos Ilês, tem sido, por séculos, as depositárias e as transmissoras dos conhecimentos das religiões de matriz Africana. Quero pedir a todos e a todas, um momento de homenagem a Ialorixá baiana, Mãe Hilda, recentemente falecida. Estivemos muitas vezes com Mãe Hilda, em diversas situações, mas a lembrança maior que tenho é de Mae Hilda, nos seus trajes ancestrais, com muitos de nós, e lá estavam Abdias do Nascimento, José Miguel, Airton de Oliveira, Maria Alice Santos, Creuzely Ferreira, Maria Christina Ramos, Marcos Romão, Januário Garcia, Lélia Gonzalez, Wanda Cambraia, subindo, a pé, a Serra da Barriga, em direção ao topo do Quilombo de Palmares, ainda no tempo da reivindicação do reconhecimento daquele espaço como um Monumento Nacional. Conseguimos! Axé Mae Hilda!!!
A todos vocês, deixo minhas saudações quilombolas e brizolistas, e um poema que fiz, em Salvador, no dia da morte de Mãe Menininha do Gantois, que pode perfeitamente homenagear Mãe Hilda,

Edialeda Salgado do Nascimento
Presidente da Secretaria Nacional do Movimento Negro



Homenagem a Mãe Menininha do Gantois

Edialeda



São Salvador, Bahia !
Uma nação negra,
na cara do povo,
chorando a morte
de sua Mãe Menininha!
Símbolo da força
da religião dos Orixás,
que resistindo à opressão,
à repressão, à violência,
por séculos e séculos,
manteve acesa a fé
em nossos Deuses Africanos.
Laroyê !!!
Ore Yèyè O !!!
Epa Heyi Oya !!!
Odó Iya !!!
Aoboboi !!!
Atotô !!!
Epa Baba !!!

São Salvador, Bahia, 14.VIII.86
Dia da morte de Mãe Menininha do Gantois