domingo, 23 de novembro de 2008

Igualdade Distante

Igualdade distante

Aurélio Augusto *

O editorial da folha de domingo 23 de novembro 2008, com o titulo de Igualdade distante, nas suas últimas cinco linhas, expõem a opinião do jornal defendendo a adoção de políticas universais em prol de uma verdadeira igualdade e oportunidades, que não descrimine ninguém pela cor que tenha ou deixe de ter.
No caderno especial cita opinião de 53 °/o dos entrevistados que acham que as políticas de cotas são necessárias, mas humilham.
São duas opiniões com conteúdo equivocados e contraditórios.
Em 1995 e agora em 2008, esse veiculo de comunicação do qual sou leitor e assinante, mostrou através de pesquisa idônea, o retrato da desigualdade em que vivem os afro-descendentes no Brasil em todas as áreas. Assim, como é possível defender apenas políticas universais que vão servir para prolongar essa situação, deveras humilhante.
Lembrem-se, os homens não são feitos para as leis, as leis que são feitas para o homem. Se esse for, e é o único jeito de corrigir desigualdades, tem-se que colocar o peso da lei a favor da promoção da igualdade racial, social e humana. Bolas! Em 1968 criaram a Lei do Boi – Lei Federal nº. 5.465/68 – que instituiu reserva de vagas de 50% para filhos da elite rural, nos cursos de Agronomia e Veterinária, ninguém abriu a boca.
Agora sobre as cotas dizem ser humilhante. Faça-me o favor, humilhante foi à escravidão. Humilhante foi à abolição inconclusa, humilhante é esse índice de desigualdade que expõem negativamente o nosso país, que é obrigado a assinar tratados internacionais de direitos humanos, porque os nossos jovens negros estão sendo dizimados na periferia urbana.
Faltam oportunidades imediatas e reparadoras, enquanto se crie e implemente políticas universais. Entendo que uma não confronta com a outra. Porque não acelerar ainda mais as políticas de ações afirmativas, enquanto debatem a solução definitiva em longo prazo (políticas universais)?
Nosso país esta atrasado nesse embate político, porém, ele é inevitável, cada um que procure o seu lado do front.


* Escritor, Poeta

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