domingo, 7 de dezembro de 2008

PDT Paraná visita do Presidente Licenciado Ministro Carlos Lupi

O PDT do Paraná reuniu-se no dia 17 de novembro último, para um encontro de confraternização.
Presentes, o Presidente licenciado do Diretório Nacional, Ministro Carlos Lupi, o Presidente do Diretório Regional, Senador Osmar Dias, futuro candidato ao governo do Estado, o Superintendente local do Ministério do Trabalho e Emprego, Dr. João Graça, Prefeitos e Vereadores em exercício e os novos eleitos, o Presidente da Secretária da Movimento Negro do PDT, o Pedagogo e Advogado, Dr. Antonio Brás, e outros quadros e militantes.
O Ministro Carlos Lupi em seu discurso de saudação aos companheiros e companheiras, congratulou-se com os eleitos em 2008, agradeceu o trabalho e a dedicação daqueles que não renovaram seus mandatos, e também o empenho de todo o partido. Destacou a importância da organização partidária para as eleições de 2010, quando serão escolhidos Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, e mais o Presidente da República. A Organização refletirá na escolha de companheiros e companheiras para a composição de bancadas que nas casas legislativas defendam os interesses da população do Paraná e do Brasil, guiados pela ideologia trabalhista de Getúlio Vargas, João Goulart, Alberto Pasqualini e Leonel Brizola. Carlos Lupi declarou seu apoio ao nome do Senador Osmar Dias como nosso candidato ao governo do Paraná. É animador sabermos que as primeiras pesquisas já mostram a vontade do povo em eleger nosso companheiro em 2010.
O Presidente da Secretaria Regional do Movimento Negro, Dr. Antonio Brás, conclamou os Prefeitos e Vereadores para o trabalho de criação de Núcleos de Base, a melhor maneira de capilarizar as idéias do partido, não somente no Paraná, mas em todo o Brasil. Esta é a tarefa que teremos para 2009, o que dará maior visibilidade e organicidade ao PDT, e será de grande valia no momento das próximas eleições.
Antonio Brás frisou a importância da criação das Secretarias Municipais do Movimento negro, uma vez que no seu estado existem 86 comunidades quilombolas já reconhecidas, e que a população de Negros abrange mais de 30% do total de habitantes, e que essa população reivindica ações políticas e sociais que as beneficiem, oferecendo-lhe o direito a uma cidadania de fato! Brás fez o Curso de Especialização em História e Cultura Africana e Afrobrasileira, Educação e Ações Afirmativas no Brasil, da Universidade Tuiuti do Paraná, e apresentou monografias, nos cursos de Graduação -2005, e Pós-Graduação – 2007, sempre referentes ao tema da afro-descendência: RACISMO: PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO BRASIL, e IDENTIDADE AFRICANA: A CULTURA QUE NÃO ODE SER ESQUECIDA. Confiamos que a sua candidatura a Deputado Estadual pelo Paraná, em 2010, leve à Assembléia Legislativa um excelente quadro do nosso PDT e da Secretaria Do Movimento Negro

domingo, 23 de novembro de 2008

País se vê menos branco e mais pardo

Demografia e valorização crescente da identidade de cor ajudam a explicar crescimento de pretos e pardos entre 1995 e 2008
ANTÔNIO GOIS
SUCURSAL Folha de São Paulo do RJ
A imagem do Brasil como um país de maioria branca não se sustenta mais nas estatísticas.Há 13 anos, quando o Datafolha fez a sua primeira grande pesquisa sobre o tema, metade dos entrevistados se definiram como brancos. Hoje, são 37%, percentual próximo ao dos autodeclarados pardos (36%). Os que se classificam como pretos representam 14% da população com 16 anos ou mais, de acordo com o levantamento.Este movimento é coerente com o detectado pelas pesquisas do IBGE: em 2007, pela primeira vez na história, a soma de pretos e pardos superou a de brancos no total da população.Duas razões principais explicam o crescimento dos autodeclarados pretos e pardos.A primeira é demográfica. O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, organizado pelos pesquisadores Marcelo Paixão e Luiz Carvano, mostra que, em 1995, o número médio de filhos de mulheres pretas e pardas era 3,0. Entre brancas, a taxa era de 2,2.Dez anos depois, a diferença caiu, mas as mulheres pretas e pardas seguem tendo, em média, mais filhos (2,3 ante 1,9).No entanto, como a definição de cor ou raça pelo IBGE é autodeclaratória (é o entrevistado quem escolhe entre cinco opções fornecidas), outra razão apontada por especialistas para esse aumento é que pessoas que antes se identificavam como brancas deixaram de se classificar assim.No relatório de Paixão e Carvano, comparou-se a geração que, em 1995, tinha de 10 a 29 anos, e, em 2005, tinha de 20 a 39 anos. Mesmo nesse grupo -em tese, a mesma população dez anos depois- foi verificado aumento de pretos e pardos.Para o sociólogo José Luiz Petrucelli, do IBGE, contribuiu para esse aumento o que ele chama de processo de revalorização identitária. "O que antes não entrava nos padrões de beleza ou prestígio e era desvalorizado hoje mudou para se constituir em referência, até para poder usufruir de vantagens relativas", diz, referindo-se, por exemplo, a ações afirmativas que passaram a dar benefícios a pretos e pardos no acesso ao ensino superior.Além de investigar como a população se classifica pelo critério do IBGE (branco, preto, pardo, amarelo ou indígena), o Datafolha perguntou como os brasileiros definiriam sua cor de forma espontânea, ou seja, sem restringir a resposta a essas cinco opções.O resultado foi que, apesar do crescimento na proporção dos brasileiros que se autodeclaram pretos ou pardos, outros termos, como moreno e negro, são mais utilizados de forma espontânea. A soma das respostas moreno, moreno claro e moreno escuro, por exemplo, chega a 33%, quase o dobro dos 17% que se definiram como pardos espontaneamente.O termo negro, não utilizado pelo IBGE, representou 7% das respostas espontâneas, percentual superior aos 4% que se declararam pretos dessa maneira.É essa a resposta que é dada pela operadora de telemarketing Érika Nascimento de Paula, 29, que aparece na capa deste caderno. Questionada sobre a sua cor pela reportagem, disse: "Sou negra". Quando apresentada às opções do IBGE, disse ser "preta"."Há negros que têm preconceito com a própria cor e dão outras respostas", diz, justificando as afirmações taxativas.Até mesmo quando o Datafolha fez a pergunta sobre cor limitando as respostas às cinco definições utilizadas pelo IBGE, houve quem não aceitasse ter que escolher apenas entre elas. Mesmo a opção não constando desta pergunta do questionário, 4% insistiram e se declararam morenos.MudançasA dificuldade de classificar a população segundo as definições do IBGE vem sendo discutida internamente no instituto, que, neste ano, está elaborando mais um estudo para subsidiar propostas. Um dos desafios é substituir o termo pardo, que, tradicionalmente, representaria tanto descendentes de pretos com brancos quanto de brancos com índios.Petrucelli, do IBGE, defende mudanças, mas diz que o tema precisa ser tratado com cuidado. Ele afirma que qualquer alteração, se acontecer, será discutida com a sociedade e feita de forma a permitir comparações com pesquisas anteriores."Minha posição pessoal é que precisamos aprimorar esse critério, pois é muito rígido e não dá conta da diversidade de identidades dos brasileiros."Não é a primeira vez que o IBGE tenta mudar. Antes do Censo de 2000, foi feito um teste com opções de respostas espontâneas. O sociólogo Simon Schwartzman, presidente do instituto na época, afirma que as definições foram tantas que inviabilizaram a mudança."A conclusão foi que era melhor ficar com o que tínhamos. Quando você abre a questão, as pessoas dizem ser moreninhas ou cor de jambo, entre tantas outras respostas. A maioria da população não quer ser etiquetada racialmente", diz.

Câmara aprova cota de 50% para rede pública em universidades

Quinta-feira, 20 de novembro de 2008
BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira projeto de lei que reserva metade das vagas de universidades públicas federais para estudantes que cursaram o Ensino Médio em escolas públicas. Essa cota será dividida por critérios sociais e raciais.PUBLICIDADESimbolicamente, a proposta foi votada no dia em que parte do país comemora o feriado do Dia da Consciência Negra. O projeto tem ainda que passar pelo Senado, antes de receber o crivo do presidente da República."A Câmara faz justiça à escola pública e ao combate à discriminação, com ação afirmativa", declarou durante a sessão o líder do PT na Casa, deputado Maurício Rands (PE).Para o deputado Paulo Renato de Souza (PSDB-SP), ex-ministro da Educação, a proposta é um avanço. O tucano destacou durante o debate sobre o tema, entretanto, que o Ministério da Educação terá de regulamentar a matéria a fim de assegurar o equilíbrio entre os critérios racial e o de renda.Segundo o projeto aprovado, metade dessas vagas reservadas será destinada aos alunos cujas famílias viverem com renda per capita de até 1,5 salário mínimo, ou cerca de 622,50 reais. A outra parte será preenchida por negros, pardos e índios. A divisão das vagas será definida de acordo com o perfil racial de cada Estado, e a seleção dos alunos se dará pelo rendimento escolar.Os mesmos critérios serão empregados para o preenchimento de vagas nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. Nesse caso, entretanto, os aspirantes às vagas precisarão ter cursado o Ensino Fundamental em escolas públicas.Se o projeto for sancionado com o texto atual, essas instituições de ensino terão até quatro anos para cumprir as novas regras.(Reportagem de Fernando Exman)

Igualdade Distante

Igualdade distante

Aurélio Augusto *

O editorial da folha de domingo 23 de novembro 2008, com o titulo de Igualdade distante, nas suas últimas cinco linhas, expõem a opinião do jornal defendendo a adoção de políticas universais em prol de uma verdadeira igualdade e oportunidades, que não descrimine ninguém pela cor que tenha ou deixe de ter.
No caderno especial cita opinião de 53 °/o dos entrevistados que acham que as políticas de cotas são necessárias, mas humilham.
São duas opiniões com conteúdo equivocados e contraditórios.
Em 1995 e agora em 2008, esse veiculo de comunicação do qual sou leitor e assinante, mostrou através de pesquisa idônea, o retrato da desigualdade em que vivem os afro-descendentes no Brasil em todas as áreas. Assim, como é possível defender apenas políticas universais que vão servir para prolongar essa situação, deveras humilhante.
Lembrem-se, os homens não são feitos para as leis, as leis que são feitas para o homem. Se esse for, e é o único jeito de corrigir desigualdades, tem-se que colocar o peso da lei a favor da promoção da igualdade racial, social e humana. Bolas! Em 1968 criaram a Lei do Boi – Lei Federal nº. 5.465/68 – que instituiu reserva de vagas de 50% para filhos da elite rural, nos cursos de Agronomia e Veterinária, ninguém abriu a boca.
Agora sobre as cotas dizem ser humilhante. Faça-me o favor, humilhante foi à escravidão. Humilhante foi à abolição inconclusa, humilhante é esse índice de desigualdade que expõem negativamente o nosso país, que é obrigado a assinar tratados internacionais de direitos humanos, porque os nossos jovens negros estão sendo dizimados na periferia urbana.
Faltam oportunidades imediatas e reparadoras, enquanto se crie e implemente políticas universais. Entendo que uma não confronta com a outra. Porque não acelerar ainda mais as políticas de ações afirmativas, enquanto debatem a solução definitiva em longo prazo (políticas universais)?
Nosso país esta atrasado nesse embate político, porém, ele é inevitável, cada um que procure o seu lado do front.


* Escritor, Poeta

Ministro Joaquim Barbosa entrevista à Folha de São Paulo

Joaquim Barbosa ministro do Supremo Tribunal Federal"Situações de discriminação só tive no Brasil"
FREDERICO VASCONCELOS DA REPORTAGEM LOCAL
"A Justiça brasileira trata mal os pobres, especialmente os negros", diz o ministro Joaquim Barbosa, 54, do STF (Supremo Tribunal Federal). No seu entender, "a questão racial deve ser tratada com igualdade efetiva de oportunidades".Autor de livro e de conferências sobre o racismo, o mineiro de Paracatu diz que no exterior as pessoas estão acostumadas com negros bem posicionados, "não demonstram o "estranhamento" tão comum entre nós".Joaquim Benedito Barbosa Gomes estudou muito. Aos 19 anos, servidor público, já possuía carro, "numa época em que poucas famílias de classe média baixa possuíam veículo", ele diz.O ministro é uma pessoa refinada e que preserva a sua privacidade. Gosta dos autores franceses do século 19 e, entre os brasileiros, de Machado de Assis e de Lima Barreto, o seu escritor nacional predileto."Identifico-me com sua história de vida, com a sua luta por reconhecimento numa sociedade extremamente conservadora e excludente", diz.Barbosa freqüenta as grandes salas internacionais de concerto, assim como assiste a shows de música popular brasileira. Transita com facilidade entre o erudito e o popular. "A fórmula talvez resida na minha tendência a relativizar tudo, a não dar muita importância às hierarquias e categorizações impostas pela sociedade", diz, em entrevista por e-mail.

FOLHA - O fato de ser "o primeiro negro" no STF traz alguma carga que o incomode? Nos contatos em outros países há alguma distinção? JOAQUIM BARBOSA - Na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas já estão acostumadas com negros bem posicionados, falam com eles de igual para igual, não demonstram o "estranhamento" tão comum entre nós.
FOLHA - Certa vez, o geógrafo Milton Santos recusou, num restaurante em Paris, uma mesa escondida. Negro, não aceitou a discriminação. O sr. enfrentou situações iguais? BARBOSA - Situações como a experimentada pelo Milton Santos só tive no Brasil, antes de chegar ao Supremo. Hoje, acho que seria impossível, porque me tornei muito conhecido.
FOLHA - O sr. não faz da sua biografia nem da sua consciência negra uma bandeira, uma causa... BARBOSA - Não me sirvo da minha posição para fazer proselitismo racial, social ou coisa que o valha. Seria abuso de poder. Tampouco me deixo instrumentalizar por movimentos, pela mídia ou por quem quer que seja.
FOLHA - O sr. tem sido requisitado por movimentos sociais? BARBOSA - Sou muito requisitado para todo tipo de evento, mas só aceito convites após muita reflexão e ponderação. Não permito que me usem.
FOLHA - O sr. acha que a questão da desigualdade no país melhorou? BARBOSA - Tenho plena consciência das desigualdades brasileiras, sei que elas se manifestam nos mínimos gestos do cotidiano, na esfera pública, na esfera privada, na falta de oportunidade. Para enfrentar nossas imensas desigualdades, nós vamos ter que nos reinventar.
FOLHA - O sr. assistiu nos Estados Unidos à eleição de Barack Obama. Como essa experiência o marcou? BARBOSA - Foi um grande privilégio. Foi algo emocionante, no plano pessoal, ver as pessoas em absoluto estado de graça, de júbilo. Até mesmo na austera Corte Suprema, pude constatar esse clima de euforia. No plano institucional, essa eleição foi uma demonstração da capacidade de regeneração que tem a sociedade americana. Foi uma bela demonstração da pujança das instituições democráticas.
FOLHA - Quais os reflexos que essa eleição poderá ter no Brasil? BARBOSA - Terá um grande impacto em boa parte do mundo. Talvez menos na Europa, que tem muita dificuldade em admitir mudanças importantes. Não vejo a menor chance de surgimento de um Obama em qualquer dos países europeus.
FOLHA - Como o sr. compara a questão da igualdade racial no Brasil e nos Estados Unidos? BARBOSA - A meu ver, a questão racial deve ser tratada sob a ótica da igualdade efetiva (e não retórica) de oportunidades e de acesso, coisa que os Estados Unidos vêm tratando com razoável eficiência, e o Brasil tem muita dificuldade em fazer, não obstante alguns avanços pontuais nos últimos dez, 12 anos. Há 15 anos não havia negros na publicidade brasileira. Hoje já há, o que é muito positivo. Houve algum avanço tímido, muito tímido na mídia.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Poesia para João Cândido

Inenarrável é a dor de uma chibatada,
inimaginável que se possa resistir a 15, 20, 30 delas.
À dor física, profunda,
junta-se a dor moral da humilhação e impotência.
Homens livres, marinheiros,
que trazem nossos navios de guerra
por mares e oceanos distantes,
merecem louvores, não chibatadas.
João Cândido, obrigado! Obrigado!
A tua Revolta da Chibata,
transformou-se na revolta de
todos os teus companheiros.
A coragem, e a destreza
no comando de naves imensas,
Aliaram-se à coragem para dizer:
Basta!!!!
Basta de violências! Basta de humilhações!
Basta de chibatadas!
Que fique suspensa, para sempre,
a mão que ouse levantar-se contra um marujo!
Que nenhum deles leve mais consigo
as chagas vivas no corpo e
na alma!
Novembro de 1910,
Basta! Basta!
Obrigado João Cândido!
Salve Almirante Negro!


Edialeda Salgado do Nascimento

Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1910.

Dia Nacional da Consciência Negra
Inauguração da estátua de João Cândido
na Praça XV de Novembro, antigo Porto do Rio

20 de novembro, consciência negra

20 de novembro de 2008

Aurélio Augusto *

A data de 20 de novembro tem um importante significado para a história do Brasil, por isso mesmo em um futuro bem próximo será feriado nacional, pois a força do capital tem perdido espaço no mundo e aos poucos os verdadeiros valores de um povo e de uma nação vão se estabelecendo em definitivo.
A data em questão não seria apenas mais um feriado em detrimento do ponto de vista econômico, que desqualifica a razão de existência de qualquer situação que não seja produzir riqueza material em qualquer de suas modalidades, todos os dias.
Assim, não importa mérito ou motivo alegado por nós militantes, o discurso é que, o Brasil não suporta mais um feriado, (suporta sim, logo após esse momento de crise).
Esse discurso contra o feriado é da minoria organizada que detém o poder, e a maioria desorganizada que tem a decisão de mudança na mão, aceita a imposição do sistema simplesmente por não ter conhecimento de causa.
No caso da questão do negro, não percebem que é uma necessidade de confronto político. É a luta por igualdade de direitos na busca de resultados concretos e positivos. Os índices estatísticos do país, principalmente os índices sociais e econômicos, retratam a realidade fria e dura dos números, onde nós negros estamos inseridos negativamente, mesmo assim não somos coitadinhos, estamos na luta.
Alguns curiosos que se intrometem nesse assunto estão com a mentalidade tão atrasada que na era Obama, eles usam, como referência Agnaldo Timóteo, nada contra ele, merece nosso respeito, mas suas idéias além de ultrapassadas, servem apenas para mantê-lo polêmico e por conta disso freqüente na mídia.
É a cultura da esperteza, pois, ele tem visibilidade por ser assim, bom para sua vida profissional e só. Não interessa a grande mídia dar visibilidade a negros com conteúdo, senão estarão acelerando o surgimento de um Obama brasileiro, é melhor que apareçam mais Agnaldos Timóteos, enchendo a boca para dizer que negro rico e famoso não casa com negra. E que ele vai defender as negras lindas. Esse é o seu tema preferido, mas isso é uma verdade pontual, não é uma regra, e mesmo que fosse seria um traço da cultura do nosso povo, digo do povo brasileiro que endeusou a beleza eurocentríca.
Aqueles que não casam por amor quando ficam ricos e famosos são induzidos pelo subconsciente a ter acesso ao poder de ter o que antes lhe pareciam sonhos distante. Mas e daí? Onde fica nossa visibilidade, nos postos de comando, inclusive na cadeira de presidente da república.
Sei que neste 20 de novembro de 2008, de forma desrespeitosa ainda vão continuar falando de choramingos de negros na luta por igualdade, vão falar também que no Brasil não existe racismo.
Que seu melhor amigo é negro.
Que tem negro médico, doutores de várias áreas, que pra isso basta estudar.

Mas sei também, que no meio desses que fazem esse discurso vazio, existem alguns que são racistas enrustidos, tem também os analfabetos que não sabem fazer contas que revelam proporcionalidades, por isso, acham que ter um médico negro para cada 200 (duzentos) médicos brancos é natural, os negros não quiseram nem querem ser médicos, e a culpa é deles, e não de um sistema excludente.
Eles citam fulano ou beltrano que veio de família humilde, lutou com dificuldade e venceu.
Dizem o óbvio não compreendendo que esses são exceções que comprovam a regra.
O sistema não quer que o Estado Brasileiro, pague essa dívida moral e social com nosso povo negro, por isso, são contra as políticas públicas de ações afirmativas, porém, sabemos que isso é apenas uma questão de tempo.
Porque uma Luta Justa só conhece o caminho da vitória.
Encerrando, digo ao povo Brasileiro que em nosso país tem dois heróis, dois mártires, um foi esquartejado e outro decapitado.
Um era branco, outro era negro.
Um tem o dia 21 de abril como referência e é feriado nacional em homenagem á sua história.
O outro tem como referência o dia 20 de novembro e é feriado apenas em 262 municípios dos 5.564 existentes em nosso país, também em homenagem a sua história, depois de muita luta do Movimento Negro, para que isso fosse possível.
Esse é um exemplo de desigualdade, por essas e outras que lutamos, para que os ideais de Zumbi não tenham sido em vão.
Viva o 20 de Novembro, dia de um herói brasileiro.
Viva Zumbi!

* Escritor, Poeta e Presidente da Secretaria Estadual do Movimento Negro do PDT

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

OBAMA E FALA DE JOSÉ SARNEY

OBAMA E FALA DE JOSE SARNEY

Na sexta-feira, dia 14 de Novembro de 2008, li na folha de São Paulo, um artigo do ex-presidente José Sarney, intitulado Obama e Fala, onde entre outras coisas o senhor Sarney, pontua que a partir do discurso da vitória, Barack Obama, tem dado sinais que não o animaram.
Primeiro, a inclusão forçada de um cachorrinho para suas filhas no seu discurso.
Segundo, o excesso de retórica com a eleitora mais velha dos Estados Unidos.
Terceiro, a piada de mau gosto de não querer invocar as sessões espíritas de Nancy Reagan, para ouvir conselhos de seu marido.
E o grande problema de escolher num abrigo o cão para Casa Branca, com as dificuldades da filha alérgica que fosse um vira-lata.
Sarney, disse que isso cheira demagogia e que não era isso o que se esperava do presidente eleito.
Continua Sarney, queremos um estadista, um homem de idéias que nos levem a afastar o desânimo e a imagem dos Estados Unidos neste momento tão crucial da história.
A partir daí, o nosso ex-presidente, cai em contradição em seu artigo, pois, gasta seu vocabulário acadêmico falando de cachorros, inclusive do mais famoso deles, diz ele, que se chamava FALA, e que pertenceu ao Pres. Roosevelt.
Encerra o artigo dizendo que, o mundo espera que Obama não seja um vira-lata, mas o grande homem do nosso tempo, o Estadista negro que nos devolveu a esperança.
Digo com respeito que a idade do Senhor Sarney, merece.
Não acredito que nosso ex-presidente, seja um homem empolgado, a empolgação tem efeito passageiro dura enquanto dure o encantamento. Será que ele já esta desencantando com Obama? O homem ainda nem tomou posse, que só acontecerá em 20 de Janeiro de 2009.
Na verdade, preocupa-me com o lado oculto das pessoas que buscam ofuscar os valores humanos, determinando as falsas razões do preconceito e da discriminação embutida subliminarmente em comentários que não contribuem em nada com esse novo momento da história.
O mundo não espera nada senhor Sarney, quem espera nunca alcança, pois, tem mentalidade medíocre mesmo quanto recheada de intelectualidade, fruto de imaginação contaminada que só consegue ver o pior.
Lembro-me que no primeiro discurso de Barack Obama após as eleições, o novo líder de uma nova geração de lideres, pediu apoio ao povo Norte Americano para um novo tempo de sacrifícios e desafios. Vi aí, sinais positivos que me animaram e me entusiasmaram com a humildade e responsabilidade de um líder em compartilhar com o povo o processo de mudança.
Senhor Sarney, vamos ajudar Barack Obama a melhorar o mundo, com entusiasmo e não com empolgação, entusiasmar-se é reagir com equilíbrio perante qualquer desafio mesmo quando perde.
O entusiasmo individual ou coletivo faz-se saber que é possível vencer, pois mantém constantemente elevada à auto-estima como referencial de vencedor e de vencedores.
Assim é Obama, assim foi Luther King, que inseminou com atitudes idéias e ideais as mentes dos que ficaram e dos que virão.
Este momento histórico que vivemos provou que é possível realizar sonhos, principalmente os de cunho coletivos e justos que dão sentidos aos ideais de igualdade, essência da democracia.
Obama e a continuação da luta de King, o primeiro significa Abençoado (Obama) no dialeto dos seus ancestrais paterno, o segundo significa Rei (King) no idioma inglês, ou seja, com licença poética a fusão seria o Rei Abençoado. Será que nessa historia tem espaço para vira-lata? A não ser um cachorro como outro qualquer que já esteve na Casa Branca como animal de estimação de entes queridos de qualquer um dos antigos presidentes.
Ou no lado oculto da mente de um ex-presidente habita algum tipo de preconceito?

AURÉLIO AUGUSTO
- Escritor e Poeta - Presidente da Secretaria Estadual do Movimento Negro do PDT/MT-

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Toma posse no Superior Tribunal de Justiça o Magistrado Benedito Gonçalves, primeiro negro em 20 anos de criação do órgão


O Ministro Benedito Gonçalves é o primeiro negro no Superior Tribunal de Justiça, e sua posse , na tarde de 17 de setembro de 2008, será um dia histórico na conquista dos afrodescendentes, porque sempre nos perguntamos onde estão os Ministros, Senadores, Generais, Governadores, Almirantes, Prefeitos e Brigadeiros negros. Como no ditado chinês, sabemos que uma longa caminhada começa com o primeiro passo. Dois Ministros Negros nos tribunais superiores é muito pouco, mas ai estão os jovens Ricardo Fernandes, Anie Daniele Gastão, Cauê da Rosa, Luiza Main Ramos, Vinicius Santos, André Mondlainne Silva, Michelle Luise Nascimento, Tiago Ramos Silva, Anderson da Silva, Alex Cardoso, Larissa Santos Silva, e outros e outras, que atestam a esperança estar se concretizando, e ser uma total realidade a partir de agora. O Ministro Benedito Gonçalves, é carioca, formado em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e iniciou a carreira como juiz federal em 1988. É mestre em Direito Processual, pela Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, da qual é professor titular de Introdução ao Direito, na graduação, e de Direito Processual Civil na pós-graduação. Também foi professor da UFRJ, na disciplina de Direito Financeiro I. Em 1998 foi promovido ao cargo de desembargador federal na 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo) e foi cooordenador regional dos Juizados Especiais dessa Região. No cargo, promoveu a adesão dos órgãos públicos do Rio de Janeiro ao processo digital, e também fez parte da Comissão de Interiorização da Justiça Federal do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. É de sua autoria o livro “Comentários à Reforma do Direito Processual Civil Brasileiro”, Reis Friede, Forense Universitária, com comentários aos artigos 417 e 323 do Código de Processo Civil. O magistrado Benedito Gonçalves, reconhecido pela sua competência e ética, declarou que seu perfil é de decidir, e não de requerer, e mais, declarou que no Superior tribunal de Justiça, usará seus conhecimentos técnicos e sua força de trabalho para valorizar o papel social do Tribunal na consolidação da segurança jurídica, buscando, na aplicação das leis, os fins sociais, o bem comum e o fortalecimento da cidadania. Confiamos que Benedito Gonçalves no STJ e Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal serão exemplos para nossos jovens afrodescendentes, e esperanças para o futuro de um Brasil livre de preconceitos e discriminação.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Tribuna da Imprensa 10.IX.2009
Ipea confirma desigualdade entre brancos e negros

BRASÍLIA - Os números apresentados pelo 3º Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado ontem, mostram que existe uma grande distância entre brancos e negros. A pobreza e a indigência é três vezes maior entre a população negra. Domicílios chefiados por negros têm menos acesso a rede de esgoto, abastecimento de água ou coleta de lixo.
A desigualdade também está presente no serviço de saúde, que por definição é universal. Dados mostram que 46,3% das mulheres negras com mais de 25 anos nunca fizeram exame clínico de mama, teste indispensável para detecção precoce de câncer. "As mulheres são menos tocadas, menos examinadas", disse a pesquisadora Maria Inês Barbosa. O número torna-se ainda mais preocupante quando se avaliam as estatísticas populacionais.
Dados mostram que a população negra passou de 42% em 1996 para 47% em 2006. Esse número não reflete mudança demográfica mas, sim, cultural, afirmam especialistas. "Fruto do movimento negro, boa parte da população passou a se reconhecer como tal. E a tendência é de esse número aumentar ainda mais", afirmou Maria Inês.
Família
O formato da família brasileira está se diversificando, com mais espaço para casais com filhos chefiados por mulheres e núcleos familiares formados só por pai e filhos. Já fora de casa, principalmente nas relações de trabalho, há uma repetição de padrões de iniqüidade, seja de gênero ou de raça. É o quadro mostrado no estudo do Ipea, divulgado ontem.
Apesar de o modelo de pai provedor, mãe e filhos ainda prevalecer, houve aumento, em dez anos, das outras formas de organização familiar. "O nível de desigualdade se reduziu, mas em um ritmo muito menor do que seria considerado adequado", disse o diretor do Ipea, Jorge Abraão. Batizado de monoparentais masculinos, o arranjo familiar formado por pai/filhos passou de 2,1% em 1993 para 2,7% em 2006. "Pode parecer um número tímido, mas chama a atenção. É um indício de que um processo de redefinição de papéis está em curso", afirmou a pesquisadora Natália Fontoura, ao explicar o estudo. "Vamos ver agora o que acontece nas próximas edições da análise."
Já o número de famílias formadas pelo casal com filhos chefiadas por mulheres aumentou dez vezes em 13 anos. Em 2006, eram 2,25 milhões de famílias lideradas pelas mulheres, o que corresponde a 14,2% do total. Em 1993, somente 3,4% das famílias tinham esse formato. "É um resultado extremamente significativo", avaliou Natália. Feito com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o estudo do Ipea procura traçar um perfil das iniqüidades no País. Na versão preliminar, foram analisados dados de 1993 a 2006.
As mulheres passaram a ter rendimentos maiores, mas ainda bem abaixo do obtido pelos homens. Em 2006, por exemplo, a renda média das mulheres era de R$ 577. Uma média superior da que havia sido alcançada em 1993 (R$ 561), mas ainda bem abaixo do que foi apresentado pelos homens no mesmo ano: R$ 885,56. Além de receberem menos, mulheres ainda são as campeãs em média de horas semanais dedicadas a afazeres domésticos. Em 2006, mulheres disseram ter reservado 24,8 horas da semana para essas atividades. No mesmo ano, homens dedicaram 10 horas. Houve, no entanto, uma redução da jornada feminina em afazeres domésticos, já que em 2001 elas dedicavam 29 horas.
Diferença racial
As diferenças são ainda mais acentuadas quando se analisa o quesito raça/cor. A população negra ingressa precocemente no mercado de trabalho e apresenta uma saída tardia. Em 2006, a taxa de participação no mercado de trabalho de meninos negros, com idade entre 10 e 15 anos, foi de 19,1%. Um índice 5% superior ao que foi apresentado por meninos brancos na mesma faixa etária. "Os índices caíram, mas a distância entre brancos e negros continua intocada", observou Natália.
Essa desigualdade é confirmada por todos os outros indicadores analisados: seja de acesso a serviços de saúde, escolaridade ou vida profissional. Para Abraão, os dados mostram que toda a sociedade se beneficiou com o processo de crescimento econômico registrado nos últimos anos. Mas de forma desigual. O diretor avalia que nem mesmo programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, foram suficientes para reduzir a distância entre brancos e negros na velocidade que era esperada.
"Há uma resistência cultural. Para superar os obstáculos, é preciso criar políticas específicas, ações afirmativas que induzam a redução da distância entre brancos e negros", completou. A educação apresenta um exemplo claro dessa resistência. Negros e negras freqüentam menos escolas, apresentam menos anos de estudo e taxas de analfabetismo mais elevadas.


Vinicius Santos

Ola! doutora eu sou o Vinicius o rapaz que viu a sua palestra na UNIRIO, no Seminário de Educação Diferenciada e Etnoconhecimento ; eu mandei a nossa foto pra senhora lembrar de mim e quem sabe tenho a honra da senhora guardá-la de recordação. Fiquei muito feliz e encantado pois decidi fazer o curso normal por achar que ser educador não é apenas entrar na sala e passar o conteúdo, dar uma avaliação e receber meu salário no fim do mês, acredito que nós educadores podemos fazer algo a mais para mudar essa sociedade, pois ninguém nasce bandido, prostituta ou traficante, mas o que os torna assim é a sociedade em que vivemos. Depois de ver a sua palestra, tenho mais consciência ainda de que é isso o que eu quero. Minha mãe sempre me falou muito de Brizola. Agora estou me aprofundando sobre Brizola e Darcy, inclusive pude adquirir um de seus livros. Mas eu tenho alguns entraves, pois é difícil lidar com o “pré-conceito”; antes diziam que o curso normal não era coisa de homem, agora dizem que pedagogia não é coisa de homem, e eu sofro com isso na minha família. Devido a alguns problemas familiares que em um próximo e-mail eu posso explicar para a senhora, não consegui realizar meu sonho que sempre foi estudar em uma faculdade pública, porém não vou desistir do meu objetivo de mudar o Brasil. Sei que sou apenas um e que o Brasil é gigante, mas tenho certeza de que nessa minha caminhada encontrarei quem pense como eu e não serei só um. Gostaria de fazer um pedido: sei que na UNI-RIO há projetos em que participam alunos ouvintes, e eu gostaria de saber informações, ou que a senhora me indique com quem eu possa falar. A agradeço a atenção da senhora, e deixo a mensagem: "A próxima geração será a maior geração de todos os tempos, pois eu serei um formador de opinião, estarei lecionando e acredito que com muito empenho eu posso mudar essa realidade.”

OBRIGADO

IV Seminário de Educação Diferenciada e Etnoconhecimento






Entre os dias 01 e 03 deste setembro, aconteceu na UNIRIO, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, o IV Seminario de Educação Diferenciada e Etcnoconhecimento junto ao II Encontro Luso--Brasileiro de Educação, Formação e Cultura, organizado pela nossa Dra. Maria Amélia Gomes de Suza Reis, dentro do seu Programa de Extensão Etnoconhecimento para um EtnoReconhecimento: a importância da educação diferenciada na/para a escola pública com qualidade social. A programação incluiu desde apresentação de grupos de afoxé, Jongo da Serrinha, e samba, com a Velha Guarda da Mocidade Independente de Padre Migual, a palestras de professores brasileiros e portugueses. A Magnifica Reitora, Profª Dra. Malvina Tânia Tuttmann, recém-eleita para um segundo mandato, enalteceu o trabalho sobre o Etnoconhecimento, e ainda participou da dança com o Grupo de Afoxê Ajuaiê, assim como alguns dos visitantes portugueses, e claro que eu também. A Profªa Dra. Maria Manuela Augusto (Assesora da Ministra da Educação de Portugal e Presidente do Movimento de Mulheres do Partido Socialista Português), apresentou um filme sobre a integração de crianças de várias nacionalidades, na escola pública de Portugal. Emocionante, o testemunho dos pequeninos sobre as experiências de uma convivência multi-étnica e multi-racial. Duas mesas de debates sobre o Prof. Darcy Ribeiro, contaram com a presença do Prof. Dr. Antonio Ferreira, da Universidade de Coimbra, do Dr. Paulo Ribeiro, Presidente da Fundação Darcy Ribeiro ( do qual ele é sobrinho), da Profª Dra. Laurinda Barbosa, e com a minha contribuição, quando falei de Darcy Ribeiro, político e educador. Deram-me grande alegria as diversas manifestações, após minha palestra, de alunos de escolas normais, professores de história e de outras cadeiras, porque fiz questão de falar de Darcy Ribeiro, e de outros brasileiros que o antecederam, ou que foram seus conterrâneos e parceiros na sua luta para oferecer educação universal, e de qualidade aos nossos jovens: Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Anísio Teixeira, Paulo Freire. Acima, transcrevo o texto de um destes meus ouvintes, Vinicius Santos. Após a abertura do Seminário, foi inaugurada uma exposição sobre Darcy Ribeiro, organizada pela Fundação que leva seu nome, e pela UNIRIO. Oficinas Pedagógicas e culturais, curtas etnográficos, Coral Guarany, foram atividades que enriqueceram o seminário, onde estiveram presentes Professores de outra unidades da Federação e de Portugal, como a Assessora da Secretaria de Educação da Bahia, Tania Miranda, e o Prof. Dr. Henrique Cunha, da Universidade Federal do Ceará, Profª Dra. Irma Brito, Profª Dra. Maria do Rosário Pinheiro, ambas da Universidade de Coimbra. Guardaremos todos, desse evento, um momento especial de emoção: o Hino Nacional Brasileiro cantado em Língua Guarany, e depois tocado em ritmo de afoxé, pelo grupo Olodum de Salvador. Inolvidável prova da diversidade cultural do Brasil. Parabéns à Direção e a todo o Corpo Docente da UNIRIO, bem como à Dra. Maria Amélia Reis, dividida entre Rio de Janeiro e Coimbra, e à sua incansável equipe, à qual presto minha homenagem, na pessoa do nosso Pedagogo Ricardo Fernandes, que partiu hoje para seu Mestrado na Universidade de Aveiro, Portugal. Prometi, e confirmo minha promessa, que estarei empenhada até o ano que vem, para levar ao V Seminário de Educação Diferenciada e Eetnoconhecimento, um grupo de participantes de diversos países africanos. Até lá!



Edialeda Salgado do Nascimento

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Propostas da Secretaria Nacional do Movimento Negro aos candidatos do partido

Rio de Janeiro, 31 de julho de 2008.

Companheira/Companheiro

Em um partido político como o PDT, temos alguns compromissos especiais com os movimentos sociais. Entretanto o PDT fez muito mais, desde Lisboa, em sua Carta, depois em seu Estatuto e na Convenção de 1989, criou compromissos ditos programáticos.
Infelizmente, nem todos os dirigentes partidários, e os eleitos para cargos executivos ou legislativos, respeitam e põem em prática esses compromissos.
Leonel Brizola, o estadista e humanista que criou o PDT, foi sempre um parceiro, e mais do que isso, assumiu esses compromissos na prática política, desde seu primeiro mandato como governador no Rio Grande do Sul, na década de 50. Indicou para Secretário de Estado de Saúde, o Advogado negro Lameson Porto, e deu uma pensão compensatória ao marinheiro gaúcho João Candido, que em 1910 liderou a Revolta da Chibata, tomando os navios da Armada do Brasil, para por fim aos violentos castigos físicos contra os marinheiros.
E Leonel Brizola continuou sua obra para dar dignidade aos afro-descendentes. Na sua primeira eleição ao governo do Estado do Rio de Janeiro, escolheu dois negros - Coronel PM Carlos Magno Nazareth Cerqueira e o Jornalista Carlos Alberto de Oliveira, e uma negra – a Dra. Edialeda Salgado do Nascimento, como participantes do seu secretariado. Indicou, mais tarde, o nome da Dra. Edialeda Salgado do Nascimento para o importante cargo de membro do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro. Esta foi a primeira vez em que um negro, mulher ou homem, foi indicado para aquela função. Na Convenção partidária de 1989, em Brasília, Leonel Brizola, por sugestão de negros e de mulheres, teve aprovada pela plenária a sua proposta de participação de negros, mulheres, jovens e sindicalistas, com um percentual de 50%, nas listas de candidatos aos cargos eletivos, nos cargos executivos de governos do partido, e nos cargos da direção partidária.
Agora que Brizola está fisicamente morto, devemos lutar por suas idéias, e você companheiro/a, futuro/a prefeito/a ou vice-prefeito/a vereador/a do PDT, deve conhecê-las, para futura execução desses compromissos.
Como Presidente da Secretaria Nacional do Movimento Negro, apresento a você, Companheiro ou Companheira, nossas reivindicações para um governo do PDT:
1 – Um percentual de 30% de Negros em seu Gabinete, como
Secretários, e nos cargos de direção dos órgãos municipais, e como dizemos sempre, não como serventes, mas sim como
líderes;
2 - A criação da Secretaria Municipal de Reparação, por lei
municipal, para garantir sua existência permanente;
3 - A integração da Secretaria Municipal de Reparação com todos
os outros órgãos governamentais, para criar grupos de estudo
em diferentes áreas, como:
a - Saúde – doenças que afetam majoritariamente os Negros
(Hipertensão arterial, Anemia falciforme, Lupus eritematoso,
Miomatose uterina , Diabetes); assistência familiar de saúde,
desde o pré-natal até à terceira idade, especialmente para os
idosos vítimas de enfarte do miocárdio ou acidente vascular
cerebral; convênios com universidades, e centros de pesquisa
para o estudo de soluções para todos esses problemas.
b - Educação – Entendimento de que os gastos com Educação
são um investimento na melhor maneira de proporcionar a
inclusão social, com acesso universal à educação integral e
integrada, para crianças desde os 4 anos de idade; ensino e
valorização da História e da Cultura da África e dos Afro-des-
cendentes, em cumprimento à Lei 10639/2003; educação
com enfoque na prevenção de saúde e preservação do meio
ambiente; programa de alfabetização de adolescentes e de
adultos.
c - Habitação e Saneamento básico – Programa de construção
de habitações populares dignas, não em grandes aglomera-
ções que dificultam o controle do espaço público, mas peque-
nos grupos de casas e/ou apartamentos. É importante desta-
car que esses dois programas geram, de imediato, algumas
conseqüências positivas: geração de novos empregos diretos e
indiretos, geração de renda e de impostos, redução da mortali
dade infantil, redução de doenças geradas pelo uso de água
não potável, e conseqüente redução dos gastos com tratamen-
mentos médicos.
d - Transporte público – Para comissão de Saúde da Organização
das Nações Unidas, a Organização Mundial de Saúde, OMS,
Saúde é não apenas estar livre de doenças, mas estar bem,
física e emocionalmente. Como um trabalhador que perde
uma hora, ou mais para ir ao seu local de trabalho, e o mesmo
tempo para voltar a sua casa, pagando caro pelo seu transpor-
te em um desconfortável ônibus, pode ser realmente saudável,
ser realmente saudável? Devemos mudar nosso entendimento
de que o transporte público tem que dar lucro, mas sim deve
proporcionar conforto e tranqüilidade aos seus usuários.
Pode ser lembrado também que a prioridade para o transporte
rodoviário não foi uma escolha do povo, mas uma imposição
dos interesses da indústria rodoviária e da indústria petrolífe-
ra. O município deve estudar o aumento, ou criar a opção, do
transporte ferroviário, do metrô, ou do bonde, e pode traba-
lhar integrado com os municípios vizinhos, e/ou com o
Governo do Estado, para baratear a construção desses siste-
mas, que poderão ser intermunicipais e recriar a malha ferro-
viária no Brasil de 40 anos atrás. Um exemplo, é o Rio de
Janeiro, onde a Estrada de Ferro Central do Brasil, transporta
va na década de sessenta, mais de 1.000.000 passageiros/
dia. Hoje, o serviço privatizado ferroviário não atinge a
500.000 passageiros/dia, na mesma região, cuja população
praticamente dobrou.
e - Qualificação Profissional - Um dos atuais problemas brasilei
ros é a falta de qualificação profissional de seus jovens. O cres-
cimento do país necessita de mão-de-obra qualificada. Convê-
nios devem ser estabelecidos entre a municipalidade, os gover
nos estaduais e os organismos federais para a criação de esco
las e cursos, sempre verificadas as necessidades e caracterís
ticas locais. Outra vez se trata de inclusão social de
jovens. Sob esse aspecto, sabemos que destes jovens, a
maioria é composta de negros.

Essas propostas poderão realmente mudar a vida do nosso povo no local onde ele vive, e onde paga a maior parte dos impostos e taxas, isto é, o Município.
Certamente, nem todos os nossos candidatos a prefeito, a vice-prefeito ou a vereador serão eleitos, mas todos e todas devem entender que, se eleitos/eleitas, o seu primeiro compromisso é com nosso partido, e seus compromissos com os movimentos sociais. Aqui, nós estamos falando sobre o 2º compromisso da Carta de Lisboa e o 4º compromisso do nosso Estatuto.
O lema da Secretaria Nacional do Movimento Negro é:
PDT e Afro-descendentes: compromissos, parceria e respeito,
exatamente como foi a prática de Leonel Brizola, que confiamos será a sua prática, no partido e no governo.
Receba, saudações quilombolas e brizolistas, de

Edialeda Salgado do Nascimento
Edialeda Salgado do Nascimento
Presidente
Membro da Executiva Nacional do PDT

Eduardo Santos, um vitorioso!!

"Estou chegando agora, essa foi minha primeira Olimpíada e não tinha muita experiência. Essa foi a primeira vez que fiquei nessa situação de enfrentar uma série de favoritos".

Data de nascimento
22/04/1983

Local de nascimento
São Paulo (SP)

Residência
São Caetano (SP)
Peso e altura
90 kg / 1,82 m


Categoria
Médio

Participação em Pequim
sétimo lugar

Longe de estar entre os favoritos nas Olimpíadas e titular da seleção brasileira pela primeira vez a apenas oito meses do torneio, Eduardo Santos teve um desempenho em Pequim que fará seu nome ser reconhecido a partir de agora no circuito mundial.
O atleta paulista venceu três combates com belos ippons. Ele só ficou com o sétimo lugar devido a decisões contestáveis dos juízes nas quartas-de-final, contra o francês Matthieu Dafreville, e na final da repescagem, diante do suíço Serguei Aschwanden. No último confronto, ele foi derrotado pela escolha dos árbitros (hantei), após dez minutos de luta.
Novato na equipe nacional, o judoca acha que o fato de não ser conhecido e lutar contra favoritos foi prejudicial. "Estou chegando agora, essa foi minha primeira Olimpíada e não tinha muita experiência. No circuito europeu, aprendi como funcionava a arbitragem internacional, mas essa foi a primeira vez que fiquei nessa situação de enfrentar uma série de favoritos", lamentou após encerrar a competição em sétimo lugar.

Ketleyn Quadros Bronze em Pequim

Data de nascimento
01/10/1987
Local de nascimento
Brasília (DF)
Residência
Belo Horizonte (MG)
Peso e altura
57 kg / 1,65 m
Categoria
Leve
Participação em Pequim
Bronze


Ketleyn Quadros entrou para a história do judô e do esporte brasileiro no dia 11 de agosto de 2008. Nessa data, a brasiliense conquistou um bronze nos Jogos de Pequim, tornando-se a primeira mulher do país a obter uma medalha olímpica em esportes individuais.
O feito foi alcançado após cinco lutas naquela segunda-feira na China. Ketleyn iniciou sua campanha com uma vitória por yuko sobre a sul-coreana Sin-Young Kang. Depois, encarou a holandesa Deborah Gravenstijn e esteve muito próxima de atingir as quartas-de-final, mas perdeu por um koka.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Pan Africanismo 2007


Reunião na Howard University, Washington DC
Dra. Edialeda Salgado do Nascimento disserta sobre o Negro no Brasil, para os participantes, norte-americanos, canadenses, e nicaraguenses.


Nosso companheiro Ricardo Fernandes em Aveiro Portugal


Ganhamos e Perdemos. Para fortuna dos nossos futuros militantes, teremos um dos nossos colaboradores especiais, o Pedagogo Prof. Ricardo Fernandes, indo para o curso de Mestrado em Ciências da Educação na área de formação pessoal e social, da Universidade de Aveiro. O Professor Ricardo Fernandes, que nos tem dado aulas sobre QUILOMBOLAS, é um dos quadros afro-descendentes, que, certamente, trará para o Brasil, após, o doutorado é claro, seus conhecimentos para facilitar aos nossos jovens a luta contra o racismo, o preconceito e a discriminação. Acreditamos no seu futuro, e quem sabe, não será o primeiro presidente negro do Brasil. Boa sorte Ricardo, já estamos com saudades, mas alegres pela suas conquistas.