Rio de Janeiro, 4 de maio de 2009.
Companheiras e Companheiros,
O ofício abaixo, e outro, em termos semelhantes, dirigido ao Ouvidor-Geral da Câmara de Deputados, Deputado Mario Heringer, do PDT, foram enviados, de propósito, na data de 21 de março, porque devemos usar as estruturas legais, no caso esses dois órgãos do Legislativo, para fazer ouvir nossas vozes e nossas reivindicações. Começamos, de imediato, a mobilização de companheiros e companheiras de diversas entidades do Movimento Negro em todo o Brasil, e mesmo enviamos à Ouvidoria-Geral alguns nomes, na tentativa de conseguirmos apoio para o transporte entre seus estados e a Capital Federal. Também foram iniciados os contatos com as diversas embaixadas de países africanos. Os dois Deputados – Severiano Alves, da Bahia, e Mario Heringer, de Minas Gerais, e suas respectivas assessorias, mostraram-se interessados em assumir e cumprir os compromissos do PDT com a população afro-descendente, que foram sempre os compromissos de Leonel Brizola. Para facilitar a organização e a mobilização, escolhemos, a data do próximo 13 de maio, lembrando que muitas vidas e muitos esforços de negros, escravos e libertos, guiaram a mente e a mão da Princesa Izabel, para a assinatura da Lei Áurea. Demos ao evento, em fase de organização, o título de ABOLIÇÃO DE FATO, porque acreditamos que somente unindo nossas vozes, e mostrando o quanto necessita ser feito, para exterminar o tratamento preconceituoso e discriminatório que recebemos até agora, concretizaremos aquela abolição. Seja através das cotas para estudantes negros nas universidades, seja pela presença de negros como oficiais superiores nas forças armadas, pela presença de negros e negras nos tribunais superiores e nas embaixadas brasileiras, em todo o mundo e também em países africanos, e seja ainda, pelo apoio dos partidos políticos a seus candidatos negros a cargos eletivos, as políticas compensatórias de inclusão serão a melhor maneira de pagamento da imensa dívida que a nação brasileira tem para com seus filhos - ou não somos filhos da pátria mãe? - que a construíram, rica e pujante, plantando e colhendo cana-de-açúcar, minerando ouro e pedras preciosas, plantando e colhendo café e algodão, morrendo nos milhares de acidentes de trabalho que acontecem a cada dia. Está em nossas mãos, ainda sangrando do trabalho escravo, a força de empurrar nossos jovens para a escola, para a qualificação cidadã e profissional, para que possam aspirar a sair dos guetos, das prisões, dos prostíbulos, da marginalidade, e alcançar postos de comando e de poder, e repito sempre, que nossos irmãos e irmãs conquistem a função de não mais servir o cafezinho, mas sim a de mandar servi-lo. Depende de nosso trabalho coletivo, fazer cumprir a Lei 10639 de 2003, para que nossos jovens conheçam e se orgulhem de sua História e de seus Antepassados, na África e no Brasil, e possam, olhando-se nesses espelhos, transformar os sonhos comuns em realidade.
Depende, e dependerá sempre, do nosso trabalho coletivo realizarmos a ABOLIÇÃO DE FATO!!!!!
Saudações quilombolas e brizolistas, da
Edialeda Salgado do Nascimento
Presidente da Secretaria Nacional do Movimento Negro PDT
quarta-feira, 6 de maio de 2009
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